quinta-feira, 28 de maio de 2009

Duas crianças diferentes

O menino espevitado

Desde os primeiros meses de vida, António (nome fictício) frequenta a creche.
O menino, muito desinibido e falador, tem hoje 4 anos e quando lhe perguntam quem é o seu melhor amigo não tem dúvidas a responder: “O Tomé é o meu melhor amigo, e meu maninho”, diz, com carinho. “Aqui na escola é o Rui”, acrescenta.

Uma das colegas mais velhas de António, Ana, auxiliar, não poupa elogios ao “pimpolho”: “Ele é fino, é muito esperto, o António, na minha opinião, é um menino muito inteligente e comunicativo”. “Interage tão bem com os adultos como com os coleguinhas”, acrescenta orgulhosa. No entanto, a auxiliar revela: “Mas tem um defeito. Quer ser sempre o primeiro em tudo, mas não pode”.

Muito falador e interveniente, como nos diz Ana: “Interrompe-nos imenso, tem que dar sempre a opinião dele”. António é uma criança muito activa, que, como a maioria das crianças, gosta de brincar: “Gosto de brincar nos cantos e ir para o jardim”, revela o próprio.

Diariamente, António convive na creche com os colegas. Começa o dia bem cedo. “Eu venho com o meu pai muito cedo para aqui”, diz com ar contente.
Ao fim do dia, todos os dias a rotina repete-se. É hora de regressar a casa, para no dia seguinte, voltar àquela que é a sua segunda família.
“Às vezes a mamã está atrasada por isso é o papá que me vem buscar”, conta António com um ar de satisfação.



“Brinca sempre sozinho”

O Ricardo (nome fictício) tem quatro anos e está apenas há um ano na pré-primária. É uma criança introvertida e irrequieta, segundo Ana, funcionária da creche: “Por exemplo, se estivermos a ver televisão ele não pára quieto, não se concentra”, talvez esta atitude se deva à sua recente chegada à creche”. Contudo, a funcionária que já se habituou ao carácter da criança, diz também que acredita que Ricardo goste do colégio, até porque está bem adaptado. A diferença é que vive no seu mundo “praticamente brinca sempre sozinho e está pouco desenvolvido”, esclarece.

Já a educadora, Fátima, concorda com a descrição da funcionária e acrescenta, no que toca à adaptação do menino, que: “adaptou-se bem, mas, ao mesmo tempo, é uma criança que tem dificuldade em interagir com os outros colegas”. Além disso, a educadora acha que Ricardo “é uma criança muito inteligente”, uma vez que, percebe tudo, mas da forma que lhe interessa. Entende à sua maneira. “A mãe dele diz que em casa já faz letras, mas aqui na creche não faz nada disso, não vejo nada dessas coisas”, revela a educadora.

É uma criança que prefere brincar sozinha e, segundo a educadora, “às vezes tem uma forma estranha de brincar, porque magoa as outras crianças”.
E quem confirma isso são as colegas Daniela e Maria: “O Ricardo, às vezes, bate a toda a gente”.

Ricardo vive, actualmente, com a bisavó a quem chama de vivó e de quem confessa gostar muito, com a avó e com a mãe, que está a divorciar-se do seu pai. Talvez pelo facto de estar há menos de um ano na creche, e pelo facto de viver com três mulheres, e desta forma a atenção ser direccionada toda para ele, Ricardo é uma criança mimada, mas também muito terna, confessa Fátima.

No entanto, e mesmo apesar do comportamento reservado no colégio, alguma coisa despertou mais o seu interesse e curiosidade na creche: “A primeira coisa que o cativou no colégio foi o escorrega, pois era uma coisa que não tinha em casa,” explica a professora.

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